sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O dia em que Katy Perri violentou Lordi


Era uma manhã de segunda-feira ensolarada e fria em Charky City. Uma incoerência tão grande como o encontro de Katy Perry com Lordi.
Dizem as testemunhas que ele se deu no cruzamento das avenidas 1° de Maio com Bento Gonçalves, na calçada do Tiradentes. Katy olhava os modelitos do camelô que vende camisas de futebol pra compor umas coisas inusitadas para o seu visual de show. Lordi queria fazer um despacho à luz do dia ali na encruzilhada, pra obter imagens esotéricas para o seu novo vídeo clip, utilizando elementos de “mitologia afro-brasileira urbana”, coisa de finlandês doidão mesmo.
Viram-se, reconheceram-se, assustaram-se um com o outro e depois trocaram olhares de desdém. Lordi com todo o seu make up de monstro, Katy corajosamente vestida com um modelo que deixava as pernas grossas de porcelana americana à mostra, pra deleite dos taxistas e dos empacotadores do Bonato.
Lordi resolveu tirar uma com a cantora. Se comunicaram em inglês (eu traduzo instantaneamente as falas deles pra vocês):
- Daí “garota californiana”, tudo isso é calor?
- Oi Lordi, quanto tempo! Desde aquela final do Eurovision 2006 que eu não te via – rebateu ironicamente Katy.
- É pra ti ver, quem tem um som que presta sempre acaba no ostracismo, já quem grava porcaria pop se mantém nas paradas – devolveu o finlandês, acusando o golpe.
Katy só sorriu e ajeitou um pouco mais pra cima a mini saia, sacaneando os olhos gulosos dos brigadianos do postinho perto da rodoviária.
Lordi provocou novamente:
- E daí Katy, você é tudo isso que dizem mesmo? É “quente ou é fria”? Eu, criado lá na Finlândia, estou acostumado a derreter geleiras...
Percebendo a indireta, Katy só arrumou ainda mais pra cima a mini saia, chamando a atenção dos motoristas e dos cobradores do Vitória.
- É mesmo, derrete? Estou impressionada! Mas a sua chama é tão boa assim? Dizem que quem se veste de monstro com asinha e fica cantando “Hard Rock Aleluia” de mão pra cima por aí não tem muita gente em casa...
Foi demais para o metaleiro! A indireta de Katy foi mais forte que um direto no queixo! Intimou-a:
- Katy, tem um lugar aqui que eles chamam de Capão da Roça. Se tu for lá comigo eu tiro a máscara pra tu ver o que que o finlandês tem.
Pois a destemida Katy aceitou. Foram-se, ela na sua Ferrari cor-de-rosa com bolinhas verde limão e ele no Taxi do Zé.
Não existem testemunhas do que aconteceu no interior do Capão, mas Katy foi vista, depois de duas horas, embarcado, intacta, na sua Ferrari. Quinze minutos depois, um branquelo pelado saiu, todo arranhado, lágrimas nos olhos, murmurando convulsivamente num idioma desconhecido.
Às vezes, as aparências enganam, e nem sempre o mal se veste de monstro. Às vezes usa saias sumárias e tem pernas grossas de porcelana americana...

2 comentários:

  1. Olá.

    Este, eu comentei lá no Recanto.
    Muito bom e ainda rindo, rê, rê, rê.
    Parabéns e abraços. Volto para ler mais depois.

    ;D

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  2. "Às vezes, as aparências enganam, e nem sempre o mal se veste de monstro." Perfeito!!!

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