Carta aberta aos meus 23 leitores
Olá pessoal.
Aplicando meus parcos conhecimentos de matemática adquirido nos bancos escolares e um pouco de lógica e de bom senso, descobri, nesta sexta 23 de dezembro de 2011, que atualmente tenho fiéis 23 leitores (quando escrevia pra jornal não tenho idéia de quantos liam fielmente meu latifúndio literário).
Minha comu no Orkut quase enche um micro-ônibus: tem 22 membros. Eu incluído, porque todo o transporte público precisa de um motorista né. Além do mais, além de escrever, eu também leio os meus textos.
Dividindo as leituras que tive aqui no Recanto nesses meses que aqui estou pelos 20 textos que publiquei, dá uma média de 24 leitores por texto. Não sei se eu estou incluído nisso.
Logo, 23 é o número de meus leitores fiéis, pois 23 é o número que fica espremido entre os 22 e os 24. Pura lógica e bom senso.
Um texto meus com mais de 23 leituras prova que ele foi além do público específico e que estou na caminho certo; um com menos, mostra que até o meu público me abandonou naquele momento e que tenho de rever o rumo; um com exatas 23 leituras mostra que estou à altura de mim mesmo.
Vocês acham isso pouco, um escritor ter somente 23 leitores fiéis?
Pois eu não acho!
Vejam só:
se cada um deles (você pode estar incluído) destinasse fielmente R$ 23,70 para mim todos os meses eu já teria um salário mínimo garantido e seria um escritor profissional vivendo da literatura (calma pessoal, não estou pensando em achacá-los, pretendo continuar um escritor amador). Logo, 23 pessoas poderiam, sem nenhum custo exorbitante, manter a sobrevivência mínima deste Bacamarte.
Por outro lado, 23 leitores fiéis é um oceano de fidelidade gente!!!!
É só vocês pararem pra pensar na própria vida: algum de vocês já teve 23 namorados ou namoradas fiéis ao longo da vida? 10? 5? 2? 1? Não precisam responder e não se preocupem que eu não pretendo perguntar nada sobre o (s) casamento (s) de vocês. E tampouco falar dos meus!!!!
Um dia vi um autor famoso, destes que conseguem juntar mais de 23 pessoas (que pagam) para ler os seus livros, dizer com arrogância e empáfia que a Internet é a escrivaninha moderna onde escritores amadores guardam seus textos. Ora, discordo! Não consigo, a cada texto que escrevo, colocar 23 pessoas dentro da minha gaveta na escrivaninha para lê-los! Nem em cima dela e tampouco dentro do meu escritório! Logo, 23 leitores fiéis é um grande público.
Mas o que eu queria dizer para os meus 23 leitores fiéis é que vocês são a razão da minha vida e de eu continuar escrevendo...
... ?
Tá, exagerei, fiz média com vocês, eu continuaria escrevendo mesmo se vocês não lessem os meus textos, pois quem escreve, escreve como come, como bebe água, como respira: faz parte da sua natureza.
E, assim como também acontece a vocês, são essas três coisas que realmente são a razão de eu continuar vivendo. Sem algumas delas, babaus Bacamarte e babaus 23 fiéis leitores.
A gente vive até sem prazer, sem sexo, mas sem ar, água e comida, não. E por falar em sexo, é aqui onde meus leitores entram (sem trocadilhos) de verdade.
Não precisam suspirar de alegria nem sentir horror, não estou querendo fazer sexo com nenhum de meus leitores ou leitoras.
O que eu queria dizer nesta carta aberta simplesmente é que é um "prazer" tê-los como meus fiéis leitores e poder ler algumas coisas de vocês também. Escreveria do mesmo jeito sem vocês, mas não seria esse prazer orgástico, seria uma masturbação literária apenas.
Queria dizer simplesmente isso. Só isso.
Todo o resto que disse antes nessa carta foi apenas porque sou tagarela e gosto de escrever coisas que eu acho engraçadas.
E para que vocês não me abandonem nunca! Literatura solitária não é a mesma coisa...
Um Natal bem legal pra vocês todos.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
O homem que só namorava coloradas
O homem que só namorava coloradas
Não que fosse uma preferência daquele gremista, mas, acreditem ou não, era esta a sua sina: só conseguia namorar coloradas!
A guria estava a fim dele, nem precisava perguntar pra que time ela torcia: era pro Inter! A guria não demonstrava interesse, não tinha erro: era gremista. Alias, nunca conseguiu transar com uma gremista! Podia ser a mais feia, carente ou encalhada. Não tinha jeito, pra ele nem pagando. Coisa incrível de acreditar! Mas era verdade.
Não que tivesse porque reclamar, pois teve muitas coloradas maravilhosas em seu currículo. Morenas, loiras, negras, ruivas, até uma nissei colorada ele traçou. Mas gremista, nada.
As grandes transas de sua vida, todas com vermelinhas incondicionais.
Os grandes amores de sua vida, aquelas mulheres que ficaram pra sempre em seu coração tricolor, todas elas coloradas.
Com essa sina, nunca teve a felicidade de entrar num estádio agarrado a uma mulher vestindo o manto sagrado do Grêmio. Algumas até iam com ele no estádio, mas sempre vestindo uma cor neutra.
Isso devia ser praga das mulheres da sua família, que eram todas coloradas. Mãe, irmã, tias, primas, vós, todas irremediavelmente coloradas. Os homens, ao contrario, todos gremistas. Todos.
Lógico que, sendo assim, casou com uma... colorada! As duas filhas que teve viraram... coloradas! Não adiantou levá-las no templo sagrado do Imortal Tricolor, o Olímpico Monumental, quando pequenas.
A isso conformou-se facilmente, pois, até, já estava acostumado. Sina é sina, destino é destino.
E, falando nesse, o tempo foi passando. Passando. Passando...
Lá esta ele, cinqüentão, e as filhas na idade aquela em que você já sabe que, de consumidor, passou a virar fornecedor de mulher para as aves de rapina mais jovens do seu mesmo sexo.
Tudo bem, faz parte né, fazer o que. É a lei da natureza, da bíblia (amai-vos e multiplicai-vos).
Um dia chega a Rafaela com seu namoradinho para apresentar. O primeiro namorado de uma filha, a mais velha, que aparecia em sua casa.
Mais ridiculamente convencional impossível: bermudão ridículo, meia cano curto ridícula, boné ridículo com aba ridícula ridiculamente para trás e camiseta regata ridícula.
“Mas peraí, o que é aquele símbolo ridículo naquela camisa ridícula ridiculamente pequeno? Deixa eu pegar os meus óculos para ver...”
- Não, um colorado!!!!
- Pai!?!?!
- Pai uma bosta! Some daqui sua porcaria de guri!
- Que isso senhor?
Bom, embora cinqüentão, ainda estava em plena forma em toda a altura dos seus 1,90 m de puro lutador de boxe amador. O "porcaria de guri" não esperou pra ver o que aconteceria ou estabelecer qualquer tipo de diálogo, deu no pé ao ver Juarez levantar e ir pra cima dele (aliás, seu nome era uma homenagem do pai ao grande centroavante gremista dos anos 50 e 60, Juarez, o "Tanque", que destrocou o famoso Rolo Compressor colorado).
Filha chorando, mulher recriminando, outra filha assustada.
- Não quero saber de namorado colorado, de marido colorado, de neto colorado! Macho aqui nesta família tem que ser gremista que nem eu!
“Ora bolas, até para as sinas tem de haver limite meus Deus. Isso eu não vou aceitar, de jeito nenhum! Não vou criar filha pra dar para colorado, de jeito nenhum! Ou o jovem gavião é da mesma espécie e cor que a minha, ou sairá de bico quebrado e asa partida. Não vou permitir máculas na minha descendência! Não admito! Não verei saci de gorro vermelho na minha linhagem enquanto viver!”
E assim foi e continua sendo ate hoje.
Ou tem algum saci por aí querendo encarar o tanque?
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